terça-feira, 20 de março de 2012

Primeira vez

Sombra da Lua
Nasci na época em que os saveiros já se encontravam em processo de extinção. Quando via um deles deslizando solitário pela Baía de Todos os Santos achava fascinante.


Hoje, finalmente, realizei o desejo de navegar em um saveiro: o Sombra da Lua. Embarcação em atividade há 86 anos, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2010 e que, normalmente, transporta alimentos de Maragogipe para a rampa do Mercado Modelo e cerâmica de Maragogipinho para a Feira de São Joaquim, em Salvador.  

Com uns poucos curiosos, familiares e amigos do mestre saveirista, segui viagem até a praia de Itacaranha, subúrbio ferroviário de Salvador. Vi como a vela é içada e baixada, como são feitas as manobras, tão suaves, como o saveirão navega veloz com pouco vento e, claro, curti muito aquele clima de tranquilidade. Foi incrível!

Obrigada a todos que estavam presentes nesta viagem. Turma boa, de bem com a vida (e como não ser?). Até a próxima!



Com a vela içada

Serviço de bordo
Aportando

domingo, 18 de março de 2012

4ª Semana do Saveiro


Foto: Flávia Maciel

A 4ª Semana do Saveiro promove, até o dia 22 de março, uma série de atividades com o objetivo de divulgar e preservar a identidade histórica e cultural dos saveiros de vela de içar.

Além da apresentação do selo comemorativo do tombamento do saveiro Sombra da Lua pelo IPHAN, o o evento, organizado pela a AssociaçãoViva Saveiro, vem promovendo desde quinta-feira (15) exibições de documentários, exposição de miniaturas de saveiros dos jovens artesãos de Jaguaripe, exposição de cerâmicas de Maragogipinho e de Dona Cadu, artesã de Coqueiros, exposição de rendas de bilro das artesãs de Ilha de Maré e, até o dia 28 de abril, estará aberta para visitação no Centro Cultural dos Correios, localizado no Pelourinho, em Salvador, a exposição Bel Borba Saveiros da Baía.

Quem quiser conhecer um saveiro de perto, os  mestres saveiristas e quem sabe até passear em uma dessas embarcações, vá ao Terminal Náutico da Bahia, que fica bem em frente ao Mercado Modelo nesta segunda-feira. A visitação é gratuita  e os passeios, com vagas limitadas, serão iniciados às 11 horas.

domingo, 27 de novembro de 2011

Regata da Primavera 2011



Foto: Flávia Maciel

A chuva que caiu na manhã de 26 de novembro não assustou os velejadores que correram a Regata da Primavera.

Copiando os jornais que circulavam nas décadas de 1930 e 1940, “sob os auspícios do Saveiro Clube da Bahia”, a Regata da Primavera deixou a Baía de Todos os Santos ainda mais bela, com o colorido das velas e a presença dos saveiros que largaram da Ponta do Humaitá Rumo a Mutá pontualmente às 13 horas.

Foto: Flávia Maciel
Segundo Thelma, do blog Arquitetando na net, Humaitá é uma palavra de origem indígena, que significa "a pedra agora é negra". Neste local a família  Gárcia D´Ávila construiu a Igreja de Nossa Senhora de Monte Serrat, uma obra do Arquiteto italiano Baccio de Filicaya, no século XVI. Aquela região também agrega um conjunto arquitetônico formado por uma antiga casa construída em 1619, onde hoje funciona o bar Clube de Iates de Itapagipe, casas no estilo do século XIX e um farol construído no começo do século XX. 

E foi sobre a pedra negra que ficamos admirando, com uma felicidade nostálgica, a beleza da paisagem, enquanto o vento afastava as embarcações para o outro lado da baía.

Foto: Flávia Maciel


terça-feira, 22 de novembro de 2011

Aportando

Fonte: Acervo pessoal de José Carlos
(...). Mas são os homens do mar do Recôncavo e da cidade de Salvador que garantem, com seus barcos, as trocas cotidianas. Marinheiros das ilhas, das praias e das enseadas, marinheiros de inúmeros cursos d’água que penetram nas terras, pescadores, transportadores – eles conhecem as riquezas de sua baía, mas conhecem também as traições sempre possíveis de suas águas e ventos. São irmãos do lavrador, que planta a mandioca de que se alimentam ou o fumo que transportam, além do algodão e do café. (do livro “Bahia, século XIX: uma província no Império” d e Katia M. de Queiros Mattoso, 1992).


Através do trabalho desempenhado pelos navegantes com suas canoas, botes, saveiros, barcaças, tábuas, balcões, canoeiros, lanchas, sumacas e jangadas de quatro troncos, bastante utilizadas para escoar a produção agrícola e transportar pessoas do recôncavo para a capital baiana ou outras localidades que as relações sociais entre a capital e o recôncavo eram estreitadas. Com o passar do tempo mestres saveiristas e outros velejadores desenvolveram a prática esportiva e de lazer através das regatas festivas, que tornaram-se um fenômeno sócio-cultural com características próprias, interligando a vida dos velejadores, veranistas, guardadores, trabalhadores da área náutica, moradores de regiões periféricas de Salvador e de comunidades ribeirinhas e criando uma identidade.

Que identidade é essa? Como ela vem sendo ressiginificada ao longo dos tempos? Como essas pessoas se comunicam?


Como existirem poucos registros sobre história das regatas no Estado da Bahia, onde algumas embarcações tradicionais, como o saveiro, estão em processo de extinção e as práticas sociais desvalorizadas esperamos que os bons ventos atraiam os homens e mulheres do mar para este “infomar” e estreite as relações entre os mariseiros e os internautas, entre o tradicional e o contemporâneo.

Sejam tod@s bem vind@s!